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Projeto bonito não garante boas fotos

  • Foto do escritor: Iram Guimarães
    Iram Guimarães
  • 18 de abr.
  • 3 min de leitura

O processo criativo na fotografia de arquitetura.


No senso comum, existe a percepção de que o fotógrafo chega ao local, monta seu equipamento, aponta a câmera e simplesmente fotografa. Muitos acreditam que a fotografia de arquitetura e de interiores é apenas o ato de registrar o espaço tal como ele é. Existe a noção de que a beleza do ambiente e a qualidade dos equipamentos são suficientes para criar imagens que impressionam, sem necessidade de um processo baseado numa sensibilidade artística.


O processo criativo que quero tratar aqui se refere exclusivamente ao processo que ocorre durante a sessão fotográfica, não vou entrar em outros processos criativos anteriores como a pré-produção, a produção de ambiente, ou posteriores pós-produção e edição das fotos. Estes são assuntos igualmente importantes, mas que deixarei para tratar em textos futuros.


Antes de trazer os passos do meu processo criativo durante uma sessão fotográfica, quero falar da importância que o conhecimento sobre esse assunto tem para arquitetos e designers. Uma boa fotografia, se por um lado não depende apenas da beleza do ambiente e do equipamento fotográfico, também não depende apenas do fotógrafo. Uma boa fotografia de arquitetura se constrói em conjunto com todos os personagens envolvidos, sendo eles fotógrafos, arquitetos, produtores de ambiente, assistentes, ou até mesmo modelos... Quanto maior for a sintonia entre os envolvidos, melhor será o resultado. E entender o processo contribui com essa sintonia.


O primeiro passo no processo criativo durante uma sessão fotográfica é a escolha do enquadramento. Enquadramento, como o próprio nome já faz supor, é a definição do quadro da foto, com base em elementos fixos do ambiente, tais como paredes, portas, janelas, design de teto e piso, ou até mesmo móveis pesados ou fixos. A seleção do enquadramento deve ser feita com um olhar atento às linhas, formas e simetrias, de uma maneira que realce a harmonia e a funcionalidade.


É nesse momento que vejo muito a necessidade de estar aqui falando sobre isso e alinhando o processo. Pois acontece muito, quando estou ali buscando o melhor enquadramento, da pessoa que está acompanhando demonstrar preocupação do tipo: “aquela mochila está aparecendo”, ou “aquela cadeira não está alinhada”, ou “você não acha melhor puxar essa flor mais para cá?”. São preocupações justas, porém no momento indevido, pois tira o foco daquilo que é importante no momento que é encontrar o melhor enquadramento.


A segunda etapa é o controle da luz. É fundamental que o fotógrafo tenha o total controle sobre as fontes de luz disponíveis no ambiente. Seja ela natural ou artificial. A natural pode ser controlada fechando ou abrindo janelas, portas e cortinas. E quanto a luz artificial, no caso o projeto luminotécnico deve estar disponível para o controle do fotógrafo para que ele encontre a melhor luz.


Eu geralmente recomendo o uso somente da luz natural sempre que possível e o uso da iluminação artificial somente em casos que não haja luz natural suficiente. Esse é um assunto extenso, que certamente retomarei em textos futuros, mas resumidamente, o fotógrafo deve ter esse controle pois mesmo nos momentos que se faça questão por parte do arquiteto que as luzes apareçam acesas na foto final, é importante o registro da foto base com as luzes apagadas, assim na edição é possível manter uma maior fidelidade das cores e evitar sombras indesejadas.


A próxima etapa, agora sim, é da composição do ambiente no que tange aos objetos móveis. A função dessa etapa é organizar um ambiente físico e amplo, portanto em 3D, num recorte em 2D, fazendo a tradução harmônica do ambiente real para uma fotografia. Para isso precisamos, na maioria das vezes, movimentar os objetos da cena, pois a disposição do que funciona no uso real do espaço não é, necessariamente, a mesma disposição que funciona melhor numa fotografia.


A última etapa, só usada quando envolver humanização da foto, é o posicionamento do modelo no quadro da foto. Todo o resto já vai estar resolvido. A câmera estará fixada. Portanto é só escolhermos em qual posição funcionará melhor a presença do modelo.


Concluindo, o processo criativo na fotografia de arquitetura e interiores é muito mais complexo e detalhado do que simplesmente apontar a câmera e clicar. Requer um profundo entendimento do ambiente, controle preciso da luz, e atenção meticulosa à composição para traduzir o espaço tridimensional em uma imagem bidimensional que realmente capture sua essência e funcionalidade. É uma colaboração entre profissionais, onde cada um desempenha um papel crucial para alcançar o melhor resultado possível. Compreender e respeitar cada etapa desse processo não apenas aprimora a qualidade das fotografias, mas também fortalece a sintonia entre todos os envolvidos, resultando em imagens que não apenas mostram um espaço, mas o celebram em toda sua beleza e potencial.

 
 
 

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©2025 por Iram Guimarães. 

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